15 June 2009

Ou Isto ou Aquilo no (meu) Reino Unido


Produtos de Limpeza: ecológicos, caros e não tão eficientes ou poluentes, baratos e eficientíssimos.

Empregadas domésticas: meu reino por uma! ou igualdade social ao ponto de todos terem as mesmas oportunidades e salários que lhes permitam uma vida tão confortável quanto a minha (ou quase) – o que se traduz em não poder pagar por uma... como é aqui.

Roupas: vou ao Sale da Gap e me esbaldo ou questiono o sistema de produção que eles empregam. Abro mão de comprar cinco peças de roupa e vou atrás de quem mantém um sistema de cooperativa na produção de seus produtos e com o mesmo dinheiro compro uma camisa e meia.

Ainda nas roupas: passo horas, dias da minha vida garimpando brechós ou entro na H&M e vou direto ao que quero, sem nem experimentar e saio com o que preciso sem gastar mais do que gasto no supermercado.

Reciclagem: jogo tudo em uma caixa ou lavo com cuidado antes de fazê-lo, gastando preciosa água potável.

Inverno: me embrulho em roupas e cobertores e evito ligar o aquecimento central - pra não produzir gases nocivos ao meio ambiente - ou ligo, pago a conta, fico quieta e quente.

Carne: deixo de comer carne em nome do bem estar dos animais e do balanço ambiental ou uso carnes como base da dieta e acrescento um amido e legumes e salada, fazendo a minha vida muito mais fácil na hora de preparar o jantar.

Estas questões são bastante inglesas e européias (!) junto com racismo e imigração. No Brasil ecologia passa por outros caminhos e as questões sociais são mais complexas. Ou serão mais simples? São diferentes de qualquer jeito... então a questão é sempre a mesma: cada um tem que fazer a sua parte. Quanto é o mínimo, quanta diferença todos os mínimos fazem são boas perguntas e quem se dá ao trabalho de ter consciência (invariavelmente a classe média) deve se manter forte em seus princípios.

Considerar-se liberal e chamar o outro de veado em tentativa de ofender não serve. Rir de piada racista então... pensar que a desigualdade social é o mal do mundo, mas tomar proveito dela pra cercar-se de serviçais é contraditório. Pagar pelo silicone da muher não faz ela se sentir mais amada (pelo menos não de onde eu venho). Reclamar da malandragem, mas achar que quem segue regras é trouxa não combina. E finalmente escapar da burocracia dando um jeitinho é tentador, mas não muda nada. Aliás, eu aqui nomeio a burocracia inimiga número um da ordem e do progresso.

P.S.: alguns istos são mais fáceis que aquilos: as roupas e as carnes são as mais difíceis de abrir mão. E a casa quente. Não sobra muito. Empregada não tenho mesmo, minha faxineira cobra por hora e bem. Produtos de limpeza ecológicos funcionam, quase todos. Seguir as regras é mais fácil onde não existe burocracia. Termos ofensivos não são uma opção e silicone, não obrigada.

Eu tento desesperadamente encontrar um meio termo - mais pra um lado que pro outro, que me permita dormir a noite. Ontem plantei mais tomates. E comprei uma composteira para o meu mini-jardim.

2 comments:

Anonymous said...

Estou adorando teus textos, parabéns! Estamos te esperando, ou pelo menos a mensagem na garrafa.
Grande beijo
Stella

Marilia said...

A! To contigo na mesma..mesmas duvidas e pensamentos.to sempre pensando como fazer pra colaborar mais com o meio ambiente, nao usar sacos plasticos, separar o lixo, apagar a tv com o stand by etc.Aqui na Croacia a preocupacao e minima, e impressionante...
Nao sei na verdade qual a solucao, mas com certeza sao nas pequenas coisinhas e cuidados que a gente tem com as nossas coisas e em torno e que fazem diferenca! bjs
Marilia