29 July 2009

British Maths

I am half Brazilian, half Norwegian and whole English. Me diz Lea, minha filha, nascida na Inglaterra, de pai norueguês. Nascer na inglaterra não é o suficiente pra ter direito a passaporte britânico – é preciso provar que os pais estiveram aqui por mais de dois anos. Isso seria simples, mas os noruegueses só aceitam multiplas nacionalidades se as outras forem ‘automáticas’. Eu quero que minha filha seja brasileira (e italiana) como eu. Automaticamente. O pai dela quer que ela tenha nacionalidade norueguesa. Assim foi feito.

No dia-a-dia minha filha se torna cada dia mais inglesa, mas aos olhos dos ingleses ela sempre vai ser metade brasileira, metade norueguesa. Por muito tempo este conceito me intrigou e incomodou. Que direito tem eles de dizer que essa pequena inglesa com quem convivo não vai ser aceita como tal?

Depois de 10 anos nesta ilha - onde me sinto cada vez mais estrangeira - percebo que as referências e os valores que ensinamos a nossa filha são inevitavelmente conectados aos nossos, ao Brasil e a Noruega. Sem falar nas férias, que nos últimos 6 anos foram invariavelmente passadas nos dois países.

Mas o problema segue. As perguntas também. Não aceitar filhos de imigrantes como ingleses tem raízes em racismo e imperialismo. Se eu ficar aqui talvez um dia minha filha escolha jurar fidelidade a rainha (ou, entre a cruz e a espada, a bíblia) e se converta ao britanismo, adquirindo um passaporte que confirme esta escolha. Por enquanto, a convicção de que uma metade brasileira e outra metade norueguesa resultam em totalidade inglesa me faz sorrir e, confesso, acho difícil discordar.

5 comments:

pancho cappeletti said...

IMAGINA SÓ...SE NEM AO MOHAMED AL-FAYED DEPOIS DE DÉCADAS E DO DA MAIS LUXUOSA LOJA DO PLANTE TERRA E DO FULHAM FC, DÃO A PORRA DO PASSAPORTE BRITÂNICO.
É UMA GRANDE MERDA!
E EU QUE SÓ TENHO O PASSAPORTE URUGUAYO...É!? ONDE É MESMO QUE FICA O URUGUAY?

Simon said...

Não sei se eu comentei a você sobre a minha adolesência em um colégio semi militar próximo ao pais de gales. Mas só por eu conviver com amigos brasileiros que vieram do St Paul's School do Rio de Janeiro e de São Paulo, fui descriminado, por falar em português com eles ."FUCKING WOG !!!" Você já deve ter houvido diversas vezes esta palavra. E eu que sou Inglês, nascido em Sheffield e aos 7 anos vim morrar no Brasil, e aprendi a língua portuguesa. E meu filho que nasceu aqui tem que morrar com toda a familia na Inglaterra por três anos. Enquanto a polulação inglesa envelhece a cada ano, e não se preocupa em atrair imigrantes descendente de inglês. Não consigo entender. E por revolta, não voltarei tão cedo para morar no meu país de origem. Concluo que o racismo cresce a cada dêcada.

Anonymous said...

Ananda: sera que esse racismo é so britanico? E os outros paises europeus tipo França e Alemanha etc? E a Italia do Norte que discrimina a Italia do Sul dito isso pelos propios italianos? Na Europa é o jus sanguini enquanto na America é o jus soli [as leis para a nacionalidade sao diferentes como ves Deveriamos estudar um pouquinho de Direito Internacional [eu nao estou defendendo mas so tentando entender]ou ter algum advogado na familia Nos temos mas moram longe para perguntarmos Beijos marta

Aqui Brasil com S said...

Polêmica esta situação , aqui na França tb não é diferente . Filho de pais estrangeiros não comprova nacionalidade, o que discordo,mas o que adinata se a lei é aplicada e sera cumprida?
Penso que o solo que vim ao mundo de alguma forma faço parte , sendo assim,teria direitos como todos ,e até poderemos ter.. mas para isso um grande caminho a percorrer.
Ja teve épocas em minha vida, que era até belo dizer não sou de lugar nenhum ,e confesso que começo a repensar isso.
Eu não sou de lugar nenhum ;. ou sou de todos os lugares que passei.

Anonymous said...

Acho que ela será muito mais digna sendo metade brasileira e metade norueguesa!!