Ustaoset, 29 de dezembro de 2003.
Hoje o sol nasceu no leste. O Geo me explicou que a cabana está posicionada bem ‘reta’ em relação aos pontos cardeais. A janela que dá para o leste é a da sala de jantar. Ou melhor, da mesa de jantar, a sala é uma só. O céu estava cian. Na janela do lado sul tudo estava azul. O sol chegou radiante. Com força total, esquentando a gente quando se senta para ler, comer, brincar ou só se esquentar. Lá fora faz –20ºC. A Lea não pode sair de casa - está frio demais. Eu não quero sair de casa.
Lea ontem completou 11 meses. Está linda. Muito esperta e cheia de vontades. Descobriu uvas. Acho que a Noruega sempre vai ter gosto de uvas para ela.
O sol me faz feliz. A lareira está acesa. Marthe e Thea foram embora hoje - com Hasse e Unn-Hilda. Lea dorme. Reina um silêncio absoluto. Um silêncio que só conheci quando conheci a neve. Neve. Com letra maíuscula, cobrindo tudo: montanhas, estradas e casas. Aqui é como aqueles lugares que a gente vê em filmes americanos ou nos gibis da Luluzinha. A neve tem que ser tirada da porta com uma pá, quase todos os dias. Mas não este ano. Nevou pouco. Calculo um metro e meio!
Como chocolates e bergamotas. Bergamotas. Elas não podem ser chamadas de outra coisa. Tirei algumas fotos das crianças. Só. A paisagem é inspiradora, mas a vontade de só pensar é mais forte. Vontade de escrever. Dizem que fotografa quem não sabe desenhar. Será que escreve quem não consegue fotografar? Ou será tudo ao contrário?
Terminei de ler o livro da Vera há uns dois dias. Lindo. Cru, mas sincero – adjetivos calculados não são honestos como os espontâneos. Saudade dela. E do Pancho. E da minha família. E da Valentina. E da praia. Do mar. Da areia. Da mistura dos dois...
Preciso dormir
08 May 2009
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2 comments:
talvez escrever seja uma forma tão nobre de fotografar quanto fotografar é de desenhar. e assim ninguém fica triste...
mas o fato é que você está em boa companhia: "aquilo que eu não posso desenhar, eu não posso ver" Goethe!
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