Quando eu tinha cinco anos eu sonhava em levar o sanduíche da merenda embrulhado em papel alumínio. Eu achava que ele já vinha daquele jeito, todo enrugado (meus sanduíches vinham embrulhados em guardanapos de pano).
Aos oito anos eu queria ser aeromoça. Na adolescência queria sair de casa. Durante os meus vinte anos eu queria fotografar, trabalhar muito e ganhar muito dinheiro – mas a verdade é que já tinha percebido que o que eu queria fazer em fotografia não combinava com orçamentos grandiosos.
Aos vinte e nove engravidei e minha principal ambição era ter um bebê saudável e inteligente. Aos trinta e oito sei que conquistei muitas coisas. Papel alumínio, minha própria casa, trabalho em fotografia sem orçamentos grandiosos, uma filha saudável e mais inteligente que eu.
Minhas ambições hoje são muito maiores: quero ter satisfação no que faço; quero mais vitamina D no corpo; mais tranquilidade; ficar casada com mesmo homem até que a morte nos separe. Que a minha filha possa crescer e fazer parte de um mundo (que vai estar lotado de qualquer jeito) com gente mais consciente de si e dos outros – e quero tudo isso vivendo em centros urbanos. Além de umas outras coisas que o dinheiro compra.
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3 comments:
Ananda,
me deixaste emocionada com teu texto. Há uma sensibilidade e beleza incríveis nas tuas palavras! Adoro o teu poder de síntese ao escrever sobre si.
Tão bom saber o que a gente quer, não é?
Não me lembro de ter tantas ambições quando criança...Hoje sei que quero muitas coisas simples, parecidas com as tuas e que o dinheiro é fundamental pra que algumas delas se concretizem.
Bjs e saudades,
Marília
Anandíra,
Muito bem, a vida é isso, simples. A felicidade, um direito.
Temos esta foto do casal na parede.
Abraços ao trio.
daniel
Ganhamos uma cópia dessa bela foto da querida "Anandíra Ferlauto"
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