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Oi Paz, como anda a vida ai em Brighton? Minha passada por Londres foi relâmpago, seis noites, quatro museus e três noitadas em pubs; tentei um contato com a Ananda, mas ela não retornou, talvez não tenha chegado.
Achei os ingleses das ruas muito neuróticos, apressados, duros e sem afeto, mas sempre educados. Já nos pubs, sob a égide de Diunisius, são simpáticos e até comunicativos, até... mas, como povo, fico com os alemães, os holandeses e os húngaros; além dos irlandeses e espanhóis, é claro.
Nem todo o latino é simpático, os italianos são elegantes e irônicos; posso dizer que a marca registrada da Itália é a ironia. Imagina que em um restaurante o dono quis me testar, perguntando em que cálice ele deveria me servir a água; ele só não sabia que estava falando com o filho de Dona Alcina e irmão de Silvia Maria; eu senti a maldade e disse: no meu país nós sempre servimos a água no copo maior, aqui na Itália é diferente? Ele sorriu e me serviu a água, no copo maior, naturalmente. Assim são os italianos, sutilmente irônicos.
No entanto, ninguém é mais elegante do que eles; a Claudinha e eu ficamos tomando umas cervejas, abaixo de zero grau, num bar na calçada, ao lado da Fontana di Trevi, vendo o povo sair do trabalho, homens e mulheres, um verdadeiro desfile de moda, um show de elegância.
Adoramos Budapeste, preferi à Praga, as pessoas, os bares e a receptividade. Bologna também foi uma suspresa; Roma estava bombando, com belos dias frios, mas de céu azul e gente a dar com pau; mas a noite a cidade dorme ou nós não descobrimos onde ela baila.
Madrid é a cidade mas movida a la noche; não faltam bares abertos às cinco da manhã para se tomar uma saideira; estávamos no centro histórico, onde a cidade só pára quando o sol aparece. Claro que nos deitávamos no máximo a uma, porque quem faz dia, não consegue fazer a noite.
Quanto a sexo, drogas ou rock and roll, nada aconteceu, turista não tem tempo pra essas coisas, pra isso é preciso parar e nós estavamos sempre correndo. Mas se a viagem foi corrida, com muitos aeroportos, hotéis, não tivemos nenhum contratempo, além do tempo é claro.
Quero voltar na primavera... Ah! A grande novidade é que em julho será inaugurado um vôo direto Porto Alegre-Lisboa; já pensou? O Leonel, que nos encontrou em Madrid, disse que Lisboa está o máximo. Ele ficou dez dias lá. De fato, pra sentir uma cidade a gente tem que ficar, no mínimo, dez dias.
Ah, mesmo caminhando todos os dias, eu engordei seis quilos; embutidos no leste europeu e bacon em Londres, além daquelas cervejas maravilhosas... mas, já voltei pra academia e pros almoços no Equilibrium; ainda não suspendi de vez o álcool, porque eu não aprendi a fazer vida social nâo etílica; aos poucos o rigor pró-saúde vai se reinstalando, aos poucos... obsessivo ma non tropo.
Saudades, beijos pra todos e diz pra Ananda que em breve eu volto a Londres, que é uma cidade como Paris, pra se ficar um mês, no mínimo.
Hasta luego!
Abrazos, Zeca