27 September 2009
20 September 2009
From a tiny book called House and Home II:
"The fellow that owns his own home is always just coming out of a hardware store."
Frank McKinney Hubbard
Frank McKinney Hubbard
13 September 2009
Conforto
Na Inglaterra a vida é tranquila. Não existe tensão social (quase). O serviço público de saúde é exemplar. Acreditem em mim, não na Sarah Palin. O governo é liberal e se vive (ou pelo menos se tenta desesperadamente) de acordo com os princípios do secularismo. Liberdade de expressão é a norma. Londres é, arguably, a cidade mais cosmopolita do mundo.
Recentemente acusei - em English Maths - os ingleses de atitudes-com-raízes-em-imperialismo-e-racismo. Recebi uma tormenta - se não em números em intensidade - de comentários escritos e verbais. De ingleses honorários ou oficiais. Não é racista o mundo ocidental inteiro? Os brasileiros realmente acreditam que não são racistas, mas apenas(!) classistas? Se fosse verdade, seria isso realmente algo do qual se orgulhar?
É fácil viver aqui e reclamar da falta de sol. Todo o mundo faz isso, começando com os ingleses. É fácil viver no Brasil e reclamar da violência. Todo o mundo faz isso, começando com os brasileiros.
É fácil viver na Inglaterra, ser estrangeira, brasileira, cool e olhar os outros de cima e pensar: de onde eu venho nós temos sol, calor, calor humano, a comida é maravilhosa. As pessoas são espontâneas e lindas. A medicina é incrível (deixemos de fora o por-que-eu-posso, claro) e a alegria impera.
É fácil ir ao Brasil, ser estrangeira - ou pelo menos estranha - moradora da Inglaterra, chique, olhar os outros de cima e pensar: eu vivo em um país civilizado, sem violência nas ruas, onde eu posso comprar uma calça jeans bem cortada sem a implicação moral de gastar o correspondente a três meses de salário de alguém que mora não muito longe. Aí é só vestir a tal calça e me incluir no grupo de gente linda, talentosa e bem sucedida que adora saber que eu fiz um mestrado em Londres. Posso mencionar Bordieu, discutir Sontag e fingir que sei algo de Foucault. E no meio do caminho admitir que não faço idéia quem foi Cummings e nunca li Platão. Ou Freud.
O problema é que sempre chega a hora em que percebo que ser estrangeira envolve perda ou confusão de identidade. E que, nem tão no fundo, eu adoraria ter uma empregada - e - uma diarista. Que a tal calça bem cortada não garante estilo em lugar nenhum do mundo. Que os móveis da Ikea (que lotam minha casa) foram, potencialmente, feitos por trabalhadores explorados em alguma parte do mundo. Eles só moram mais longe. Que racismo, miséria e injustiça existem em todos os lugares e minha atitude perante o mundo é ingênua e egoísta.
A verdade é que sinto falta de médicos especialistas a disposição de um toque no telefone. Que aprendi a comer bem aqui. Que nunca vou manter uma discussão de igual pra igual com meus amigos intelectuais. Que não tenho disciplina para me manter linda como as brasileiras no Brasil fazem. E que ao mesmo tempo nunca vou me permitir orgulho de quaisquer imperfeições do meu corpo, que na era do Photoshop, são infindas. Nem lá nem aqui é decididamente um lugar confortável.
Recentemente acusei - em English Maths - os ingleses de atitudes-com-raízes-em-imperialismo-e-racismo. Recebi uma tormenta - se não em números em intensidade - de comentários escritos e verbais. De ingleses honorários ou oficiais. Não é racista o mundo ocidental inteiro? Os brasileiros realmente acreditam que não são racistas, mas apenas(!) classistas? Se fosse verdade, seria isso realmente algo do qual se orgulhar?
É fácil viver aqui e reclamar da falta de sol. Todo o mundo faz isso, começando com os ingleses. É fácil viver no Brasil e reclamar da violência. Todo o mundo faz isso, começando com os brasileiros.
É fácil viver na Inglaterra, ser estrangeira, brasileira, cool e olhar os outros de cima e pensar: de onde eu venho nós temos sol, calor, calor humano, a comida é maravilhosa. As pessoas são espontâneas e lindas. A medicina é incrível (deixemos de fora o por-que-eu-posso, claro) e a alegria impera.
É fácil ir ao Brasil, ser estrangeira - ou pelo menos estranha - moradora da Inglaterra, chique, olhar os outros de cima e pensar: eu vivo em um país civilizado, sem violência nas ruas, onde eu posso comprar uma calça jeans bem cortada sem a implicação moral de gastar o correspondente a três meses de salário de alguém que mora não muito longe. Aí é só vestir a tal calça e me incluir no grupo de gente linda, talentosa e bem sucedida que adora saber que eu fiz um mestrado em Londres. Posso mencionar Bordieu, discutir Sontag e fingir que sei algo de Foucault. E no meio do caminho admitir que não faço idéia quem foi Cummings e nunca li Platão. Ou Freud.
O problema é que sempre chega a hora em que percebo que ser estrangeira envolve perda ou confusão de identidade. E que, nem tão no fundo, eu adoraria ter uma empregada - e - uma diarista. Que a tal calça bem cortada não garante estilo em lugar nenhum do mundo. Que os móveis da Ikea (que lotam minha casa) foram, potencialmente, feitos por trabalhadores explorados em alguma parte do mundo. Eles só moram mais longe. Que racismo, miséria e injustiça existem em todos os lugares e minha atitude perante o mundo é ingênua e egoísta.
A verdade é que sinto falta de médicos especialistas a disposição de um toque no telefone. Que aprendi a comer bem aqui. Que nunca vou manter uma discussão de igual pra igual com meus amigos intelectuais. Que não tenho disciplina para me manter linda como as brasileiras no Brasil fazem. E que ao mesmo tempo nunca vou me permitir orgulho de quaisquer imperfeições do meu corpo, que na era do Photoshop, são infindas. Nem lá nem aqui é decididamente um lugar confortável.
06 September 2009
Gente Grande
Segunda-feira começam as aulas da Lea. Segunda-feira, antes das dez tenho que estar na Rox. Ao meio dia no St John Hospice, no norte de Londres. Ainda não tenho um gravador. A tarde o Ben vem brincar. A janela do quarto tem que ser consertada. Marido trabalhando no país de Gales. Volta na sexta. Ou na quinta. Na terça tenho que sair de casa as sete e meia da manhã, mas ainda não sei pra onde. Um trem sai de Marylebone as nove e vinte. Na quarta volto a Londres, por quatro horas. A Lea vai brincar na Ella. Minha quinta ainda não foi confirmada - mas a Talia vem brincar. Troca a data da acupuntura. Sexta talvez tenha festa de aniversário de adulto, a noite. Sábado, domingo e nova segunda-feira em Londres. Na terça o marido vai para Los Angeles. Eu, de volta a Londres para o sábado e domingo trabalhando. Domingo tem festa de aniversário de criança. Prometi fazer o bolo. Esqueci. Desculpa. Toca o telefone de novo. Talvez não trabalhe no fim de semana. Talvez possa fazer o bolo afinal. Mando um texto na sexta. Na quarta tem workshop no Fabrica. Tinha esquecido.
Subscribe to:
Posts (Atom)